O envolvimento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no Turismo se insere no esforço empreendido pelo governo em ampliar a capacidade de análise de um setor que nos últimos anos passou a ocupar um papel de destaque na política e economia nacional.
Nesse sentido, um conhecimento maior do mercado de trabalho no turismo contribui para a definição de estratégias destinadas a propiciar mais e melhores empregos no setor. Sendo também de relevante importância ações que visem a melhoria da qualidade dos serviços prestados aos visitantes e, além disso, para orientar o setor privado, especialmente as pequenas e médias empresas que, geralmente, não dispõem de recursos para aplicar em pesquisas capazes de apoiar suas decisões relativas à ampliação ou melhoria de seus serviços turísticos.
A pesquisa do IPEA, apesar de ter ocorrido num período não tão próximo, entre 2002 e 2004, nos dá um breve panorama de como se comporta o mercado de trabalho turístico. Levando em consideração, alojamento, alimentação, transporte, auxiliar de transportes, aluguel de transportes, agências de viagem e cultura e lazer, o IPEA analisou qual a abrangência do setor turístico dentro do mercado de trabalho nacional. Dessa forma, algumas de suas estimativas foram, em 2004, 712 mil pessoas eram empregadas por essas atividades, o equivalente a 2,3% do emprego formal no conjunto da economia brasileira e 7,2% do emprego no setor de serviços. Dentro desse conjunto de atividades, as que mais se destacam são as relacionadas com o transporte, sendo responsáveis por 52,5% dos empregos formais, ou seja, 374 mil empregos. Em seguida, alojamento e alimentação são as duas outras atividades que mais empregam entre as pesquisadas, detendo 156 mil e 127 mil empregos, respectivamente.
Ainda segundo a pesquisa, a geração de empregos formais nesses ramos está atrelada com o desempenho do conjunto da economia brasileira. Em 2003, quando o PIB se estagnou, foram perdidos mais de 6 mil empregos. No ano seguinte, quando o crescimento do PIB foi de 5%, as atividades pesquisadas também apresentaram uma taxa de crescimento no emprego de cerca de 5%, gerando 34 mil empregos. Entre 2002 e 2004 o emprego formal cresceu 9,5% e o de serviços 7,8%, contra um fraco desempenho das atividades relacionadas que cresceram apenas 4,2%. Dentre as regiões do Brasil, o Sudeste detém 52% dos empregos nessas atividades, sendo seguido pelo Nordeste (19%), Sul (17%), Centro-Oeste (8%) e Norte (4%). De todas as regiões, a que mais cresceu em relação a geração de empregos formais nessas áreas foi a Nordeste com 14%, sendo responsável por 28 mil empregos gerados pelas atividades pesquisadas.
Portanto, com esse quadro podemos analisar que o setor turístico oferece uma geração de empregos considerável dentro da média nacional. Levando em conta que nem todas as atividades indiretamente ligadas com o turismo foram pesquisadas, conseguimos deduzir que o nosso ramo possui um bom potencial de geração de emprego e renda, mas para que esses benefícios cheguem a nós turismólogos e a toda a sociedade, devem-se levar em conta assuntos como a regulamentação da profissão, tema que abordaremos aqui em breve.
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