terça-feira, 7 de abril de 2009

Abandono da memória carioca!


No centro da cidade do Rio de Janeiro, é comum serem encontrados casarões de época que possuam diversos e riquíssimos estilos arquitetônicos. Entretanto, o triste é saber que a maioria deles serão encontrados numa situação de total abandono, e alguns até em ruínas.

Os motivos para tal descaso são diversos. O jornal O Globo de 11-05-2008 dizia em reportagem que, entre outros, especulação imobiliária, falta de interesse dos herdeiros, falta de infra-estrutura para moradores, violência e excesso de moradores de rua, são alguns dos motivos para o esvaziamento populacional da região central da cidade e o conseqüente abandono.

Segundo o SINDUSCON (Sindicato da indústria da construção civil do estado do Rio), existem hoje no centro mais de 5 mil imóveis abandonados, 60 mil invadidos, sendo que desses, 5.015 são protegidos por APACS (Patrimônio municipal), 127 protegidos pelo INEPAC (Patrimônio estadual) e 70 são protegidos pelo IPHAN (Patrimônio federal).

Na foto, temos um ótimo exemplo desse descaso. Localizado na Lapa, ao lado da sala Cecília Meireles, o casarão da rua Visconde de Maranguape já teve seus tempos de glória. Segundo a matéria do jornal O Globo, o casarão é protegido, mas já perdeu muito de sua arquitetura francesa original, embora guarde traços ainda do estilo art déco. Lá funcionava um hotel onde ficavam hospedados senadores da república em visita ao Rio. Abandonado, ele foi invadido a mais de 40 anos. Ainda segundo a reportagem, o dono do prédio entrou na justiça com um pedido de reintegração de posse em 1982, mas, até hoje, não conseguiu reaver o imóvel. Em péssimo estado de conservação, o casarão abriga 72 famílias e, ao lado de um outro também abandonado, forma um grande contraste com o museu da imagem e do som que foi totalmente restaurado.

Esse é apenas um, entre milhares de casos que ocorrem hoje na cidade do Rio de Janeiro. Uma solução interessante para esses casos é, não apenas a restauração do edifício, mas também a revitalização do espaço, fornecendo novos usos para que a construção se reintegre à sociedade e assim esta possa ter a preocupação de preservá-lo.

Dessa forma, o Turismo se torna uma ferramenta importantíssima, pois com a lucratividade que decorre desta atividade, o patrimônio histórico e artístico pode achar uma fonte de renda para sustentar sua preservação.

Na verdade funciona como um ciclo, ou seja, o Turismo se apropria do patrimônio enquanto atrativo, e dessa forma aumenta o número de visitantes na cidade e, por outro lado, o patrimônio vai se apropriar do Turismo para se manter preservado, conservado e integrado à sociedade com novos usos. Quanto mais visitantes, maior é a verba a ser injetada em ações de preservação e, quanto mais preservado estiver o patrimônio, mais atrairá turistas e assim sucessivamente.

Portanto, podemos notar que o Turismo se torna peça fundamental para resolver uma grande parte dos problemas do abandono dos casarões na cidade do Rio de Janeiro. Tudo é claro, mediante grande planejamento e acompanhamento de profissionais capacitados para tal, como, por exemplo, o Turismólogo e o museólogo.
Visões do Turismo.

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